Nunca possua-me
Possessividade vem do sentimento de posse. De se achar ou
ser dono de algo. Mas nunca de alguém.
O mais engraçado é que por mais que poetas e escritores
tenham passado anos nos repetindo que só é feliz e só ama quem é livre, ainda
assim nos forçamos a buscar a posse das pessoas. Nós mesmos nos fazemos sentir
donos de alguém, seja ele filho, amigo, marido...
E quando a verdade chega é sempre um choque. Ninguém pode
possuir outra pessoa, seus sentimentos, verdades, vontades. E é nessa hora que
mais nos machucamos, e por quê? Por sermos incapazes de assumir que fomos nós
mesmos que criamos aquele sentimento tão mesquinho lá dentro. Que outro nada
tinha a ver com o seu aparecimento repentino.
Não venho também dizer que sou a favor de um relacionamento
aberto, ou coisa parecida. Apenas que devemos deixar as amarras mais soltas,
mais livres, para que a pessoa amada possa viver e querer voltar. Tudo bem, que
a vida não é preto e branco e muito menos existem fórmulas, mas quanto menos
posses tivermos, menos o sentimento da perda nos afetará.
Porque uma hora ou outra ela vem, como quem não quer nada e
nos acorda a noite só pra cochichar no seu ouvido: “perdeu, playboy”, e você
chora. Chora sem nem saber o por que. Afinal, você já nem fazia questão daquela
camisa velha no fundo do armário, mas foi só a sua irmã pegar para o pandemônio
se instaurar.
E é assim que a posse nos ganha, humanos infelizes e loucos
por sentimentos baratos. De fininho, e quando a gente menos espera. Achamos que
está tudo bem até sua amiga fútil, a perda, aparecer e estragar tudo. Pronto,
instalou-se no seu coração a posse, nua e crua, pronta para dar o bote. E você
chora.
Tudo bem, chorar faz bem. E você já sabia mesmo que esse dia
ia chegar. Chegou até considerar dar a camisa para doação, mas quando outra
pessoa está vestindo ela parece tão “sua”. Calma, é só a posse gritando...
0 comentários:
Postar um comentário